O julgamento do filosofo Sócrates, acusado de não acreditar nos deuses da cidade e de corromper os jovens é narrado no livro "Apologia de Sócrates" de Platão. Durante o julgamento Sócrates usa de sua excepcional oratória para formular uma defesa brilhante e bela.
Antes de começar sua defesa propriamente Sócrates conta uma historia. Quando havia visitado o oráculo a pitonisa (sacerdotisa) havia afirmado, e esta fazia suas profecias por intermédio dos deuses, que Sócrates era o mais sábio entre os homens. O filosofo fica alarmado com a resposta e se indaga "como posso ser o mais sábio se nada sei?" sem conseguir decifrar o verdadeiro significado das palavras da pitonisa (mas não sem deixar de acreditar nelas, pois ela era a porta-voz dos deuses) Sócrates foi atrás de um político a qual julgava pessoa excelente e inteligente, e esperava que este lhe esclarecesse aquele enigma.
Qual não foi a decepção de Sócrates ao conversar com aquele homem e perceber que ele também nada sabia, mas apenas fingia saber. Sócrates percebeu que era realmente mais sábio que ele, pois ao menos admitia sua ignorância. Mas mesmo assim não desistiu, foi atrás de vários políticos, porem constatou o mesmo em todos eles. Procurou também os grandes poetas e ate os simples artificies, mas todos se gabavam de conhecimentos que realmente não tinham, e, finalmente Sócrates compreendeu as palavras do oráculo. Ele era realmente o mais sábio dentre os homens, pois era o único que admitia sua ignorância.
É preciso esclarecer porem um ponto, Sócrates não acreditava que o saber humano de nada valia, mas, acreditava que esse saber era superfulo em comparação ao saber dos deuses, que esses eram realmente sábios. As pessoas que nada sabem, ou que acham que sabem, são tolas, os deuses por já terem o verdadeiro conhecimento não precisam filosofar, os filósofos são então aqueles que estão no meio termo, não são tolos pois procuram a verdade, mas jamais terão a sabedoria dos deuses. É nisso que Sócrates acredita e expressa durante seu julgamento.
Voltando as acusações. Socrates como já foi dito se defende de forma excepcional. Diz que as pessoas procuram sempre o bem e não o mal, e se os jovens o seguiam era porque estes acreditavam que ele os fazia um bem, assim não os corrompia. Estendendo esse raciocínio Socrates afirma a seus acusadores que se realmente estivesse fazendo um mal, nem ele, nem seus discípulos sabiam disso, e a atitude certa com ele seria de instrui-lo, como se instrui uma criança que não compreende o mal que faz, e não leva-lo a julgamento.
Para se defender da acusação de não acreditar nos deuses Sócrates pede para seus acusadores que confirmem que o acusavam de dizer "coisas demoniacas" o que eles fazem, em seguida usando de suas artimanhas, pergunta a eles se era possível alguém falar de "coisas relacionadas a cavalos sem que esta pessoa acreditasse em cavalos". Os acusadores respondem que isso seria um absurdo e que, se alguém falasse coisas relacionadas a cavalos consequentemente acreditava neles. Sócrates usando de sua ironia então responde "Mas então, se falo coisas demoniacas acredito em demônios e se acredito em demônios acredito também em deuses pois estes são filhos bastardos dos deles! Sendo assim sua acusações não fazem o menor sentido!".
Para se defender da acusação de não acreditar nos deuses Sócrates pede para seus acusadores que confirmem que o acusavam de dizer "coisas demoniacas" o que eles fazem, em seguida usando de suas artimanhas, pergunta a eles se era possível alguém falar de "coisas relacionadas a cavalos sem que esta pessoa acreditasse em cavalos". Os acusadores respondem que isso seria um absurdo e que, se alguém falasse coisas relacionadas a cavalos consequentemente acreditava neles. Sócrates usando de sua ironia então responde "Mas então, se falo coisas demoniacas acredito em demônios e se acredito em demônios acredito também em deuses pois estes são filhos bastardos dos deles! Sendo assim sua acusações não fazem o menor sentido!".
Após terminar sua defesa não resta nada a Sócrates do que esperar o resultado do julgamento. Os juízes o condenam a morte, e mesmo frente a esse perigo e a esta injustiça o filosofo se defende com nobreza. Fala, como tanto gosta de fazer, dizendo que o além vida era desconhecido, e não era certo temer o desconhecido, nem fugir dele. Os homens deveriam fugir do que era mal e do que os corrompe, e como não sabiam se o mundo dos mortos os faria mal não havia razão de teme-los. Afirma também que não se arrependia de ter pregado suas ideias, pois fizera a vontade dos deuses, e, apenas se houvesse se omitido ai sim merecia ter sido levado ao tribunal e julgado. O filosofo da duas hipóteses para o que poderia lhe acontecer após morrer. Na primeira ele simplesmente desapareceria, sumiria, e isso não seria diferente a dormir, o que ele não tinha razões para temer. Na outra hipótese iria ao mundo dos mortos aonde seria julgado pelos verdadeiros juízes Minos e Radhamantys (Aiacos não foi citado o que me faz crer que na época ele ainda não havia sido criado e incluído nas criaturas do mundo dos mortos grego). Afirma que estes iriam julga-lo com justiça, a justiça dos deuses, que era a que realmente importava. Por fim diz que ficaria muito feliz se pudesse debater com os grandes poetas como Homero e Hesiodo no mundo dos mortos e que a morte lhe seria então algo benévolo.
É preciso ressaltar que "Apologia de Sócrates" foi escrita por Platão para homenagear seu mestre, e assim esta sujeita ao fascino e exaltação que este da ao filosofo. A historia termina com a condenação de Sócrates, mas a sua morte assim como o brilhante discurso ao qual ele expõe suas ideias sobre a imortalidade da alma é relatado no Fédon, outro romance de Platão, este coloca na boca de Sócrates suas próprias ideias, e temos que ver que os conceitos referentes aos temas discutidos na narrativa são de Platão, não de Sócrates.
É preciso ressaltar que "Apologia de Sócrates" foi escrita por Platão para homenagear seu mestre, e assim esta sujeita ao fascino e exaltação que este da ao filosofo. A historia termina com a condenação de Sócrates, mas a sua morte assim como o brilhante discurso ao qual ele expõe suas ideias sobre a imortalidade da alma é relatado no Fédon, outro romance de Platão, este coloca na boca de Sócrates suas próprias ideias, e temos que ver que os conceitos referentes aos temas discutidos na narrativa são de Platão, não de Sócrates.
Texto muito esclarecedor e bem articulado. Ajudou bastante!
ResponderExcluirmuito bom!
ResponderExcluirObrigado! Deu muito trabalho pesquisar e escrever essa pequena postagem.
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